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Paredes cobertas de segredos. Pintadas durante anos por famílias desconhecidas. Com amor e tristeza. Corredores vazios sem nada para contar. Transparências de uma vida passada deixavam-se notar pelas janelas. Lá fora pouco restava. Era uma casa vazia, sem vida. Repleta de memórias de quem já amou.
O esquecimento da noite levava aos poucos o que ela guardava sem saber. Perdia-o inutilmente em cantigas de embalar que o vento lhe cantava ao ouvido. Doces e gélidas, que se prendiam em nós. Pequenos nós pendendo do teto em cada divisão. Finos e intocáveis. O chão já mal rangia, ou se o fazia era inaudível para ela. Habituada ao ensurdecedor silêncio de um lar abandonado.
Procurava redenção sem nunca a encontrar. Procurava vida. Levou levemente a mão ao peito. À casa vazia, chamou-lhe coração.